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Gonorreia resistente a medicamentos é problema emergencial segundo a OMS

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08/jun 2012

A Organização Mundial de Saúde (OMS) manifestou-se sobre a crescente ameaça da gonorreia resistente a antibióticos, em um comunicado oficial:

Milhões de pessoas com gonorreia correm o risco de ficar sem alternativa de tratamento, a menos que medidas urgentes sejam tomadas. Diversos países (incluindo Austrália, França, Japão, Noruega, Suécia e Reino Unido) relatam casos de resistência aos antibióticos à base de cefalosporina – a última opção de tratamento contra gonorreia. Todos os anos, um número estimado de 106 milhões de pessoas são infectadas.

A declaração chegou como um complemento ao anúncio do novo plano de ação global da OMS para controlar a disseminação da gonorreia resistente.

Alarme

Desde a década de 1990, um pequeno grupo de pesquisadores em todo o mundo alertou que a gonorreia estava se tornando resistente ao último grupo de medicamentos, as cefalosporinas, que podem curar a doença em ambiente ambulatorial. Esses remédios podem ser administrados por via oral e geralmente demandam dose única ou um baixo número de doses para permitir a cura da doença. Essas são condições importantes, porque são nelas que a comunidade médica de controle das DSTs se baseia. Programas comunitários – visitas individuais a clínicas de baixo custo onde os medicamentos são dispensados ​​de forma relativamente rápida – elevam o custo de controle das DSTs.

A comunidade de controle das DSTs tem apresentado tanto sucesso por tanto tempo que quase nos esquecemos de quão horríveis a gonorreia e doenças semelhantes podem se tornar, caso não sejam tratadas. O plano da OMS nos lembra:

As sequelas a longo prazo de infecções gonocócicas não tratadas incluem uretrite persistente, cervicite, proctite e infecções disseminadas que podem levar à doença inflamatória pélvica, infertilidade,  aborto no primeiro trimestre, gravidez ectópica e morte materna. Consequências à saúde dos recém-nascidos incluem infecções graves que podem levar à cegueira. Além disso, uretrite gonocócica (como muitas outras doenças sexualmente transmissíveis) aumenta significativamente o risco de contrair e transmitir o HIV.

O plano trata especificamente de um aspecto do problema da resistência crescente: o controle comunitário depende agora de testes moleculares rápidos que identificam o organismo causador da gonorreia (Neisseria gonorrhaea), mas não pode distinguir entre os indivíduos suscetíveis a drogas e os resistentes aos antibióticos. Assim, quando doentes eram tratados e depois voltavam aos médicos com os mesmos sintomas, assumia-se que eles tenham sido curados e então reinfectados. Os doutores não tinham  ferramentas para identificar infecções em curso que nunca respondiam ao tratamento – e pacientes que apresentavam tal resistência passavam a infectar outras pessoas, sem saber.

Para resolver esse problema, o plano prevê melhorias específicas na capacidade de laboratório, no diagnóstico e na vigilância, bem como demanda soluções às principais causas da resistência aos antibióticos: conscientização do problema, maiores esforços na prescrição de antibióticos adequados e melhoria na qualidade dos medicamentos. Uma demanda particular aos médicos é de começar a aplicar um “teste de cura”, que consiste em verificar microbiologicamente se o paciente a quem foi prescrito antibiótico para tratar a gonorreia está limpo da infecção ou carrega uma variedade resistente da bactéria.

O problema, é evidente, é que quando se começa a trazer os pacientes de volta e dar-lhes testes adicionais e diferentes, o controle das DSTs torna-se mais caro. (Isso sem sequer mencionar os adicionais, os custos de desenvolver novos esforços educativos, diferentes sistemas de vigilância ou drogas). Essa advertência da OMS pode significar, portanto, que soa um alarme global: uma admissão tácita de que a era de controle de DSTs a baixo custo pode ter acabado.

Via Wired

 

*Lasciva é jornalista é deseja ir fundo no assunto do sexo. Propaga ideias libertárias e narra suas aventuras sexuais e afetivas em lasciva.blog.br

1 Comentário
  1. Alexandre

    Isso é muito grave! Primeiro a Tuberculose, agora a Gonorréia. Estamos prestes a viver uma eclosão de doenças tidas como controladas para as quais não possuímos mais um tratamento adequado. Muito preocupante.